O ABRAÇO DAS SILVAS
Quando somos votados ao abandono
até o abraço das silvas
nos serve de conforto.
Fui ao encontro dum monumento
Chamado Alminha
no caminho das comendas.
Não foi fácil alcançá-lo
dada a selva que tive que enfrentar.
Pulei silvas
agachei-me para poder passar.
Querer é poder
cheguei á meta
depois de muito sofrer.
Imponente e ereto
abraçado pelas silvas
carregadas de amoras
doce fruto suculento.
Mas que adianta
se ele não as pode comer.
Doeu-me ver os espinhos
na sua pedra cravados
já não têm conto as horas
de tão grande sofrimento
é como um cão desmazelado
sem dono.
Há dores que suavizam
os maus tratos e o abandono
quando as sentimos
como um abraço.
Esta alminha
desafiou estios
ventos e tempestades
passando de século em século
mas resistiu
enfrentando o esquecimento
com fé e esperança
que alguém amante da cultura
e do património
lhe devolvesse a sua importância!
Somos nós
Indivíduos desatentos e apressados
que apressamos a morte
dos legados dos nossos antepassados
com o desprezo e o desleixo
a que os remetemos.
Oh gente de alma ausente
coração insensível
mais empedernido
que o granito do monumento.
Vamos arregaçar as mangas
e cuidar do nosso património cultural
dando-lhe vida para que vingue
por toda a eternidade!
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 27/08/2020