Tão vós
...e assim dizia minha mãe:
"morre o cavalo para o bem
do urubu". (Urubus!!!)
TÃO VÓS
Tão vós que almejas ver-me a sepultura
Vestindo negro envolto à flores murchas
Sob a cinzenta pedra dos meus dias
Hão de talhar: " aqui jaz esse poeta inculto."
Tão vós despudorados, sórdidos e cúpidos
Travestem-se de um caiado linho branco
Em tão claras e mui desonras, sois juizes
Sentenciam, julgam se fazem Santos.
Tão vós que a mim propagam mal e toda sorte
Hão que se provar do fel verter tuas entranhas
E o fio cego da navalha em teus dias
Afiar-se-á na maciez de vossas gargantas.
Tão vós mesquinhos, maldizentes e profanos
Espionam os meus dias, tecem minha mortalha
Direi do âmago ferido e latente de minh'alma,
Sois lobos vorazes, infames e canalhas!
De: Rodrigues Paz.
(Autor)