Tão vós

...e assim dizia minha mãe:

"morre o cavalo para o bem

do urubu". (Urubus!!!)

TÃO VÓS

Tão vós que almejas ver-me a sepultura

Vestindo negro envolto à flores murchas

Sob a cinzenta pedra dos meus dias

Hão de talhar: " aqui jaz esse poeta inculto."

Tão vós despudorados, sórdidos e cúpidos

Travestem-se de um caiado linho branco

Em tão claras e mui desonras, sois juizes

Sentenciam, julgam se fazem Santos.

Tão vós que a mim propagam mal e toda sorte

Hão que se provar do fel verter tuas entranhas

E o fio cego da navalha em teus dias

Afiar-se-á na maciez de vossas gargantas.

Tão vós mesquinhos, maldizentes e profanos

Espionam os meus dias, tecem minha mortalha

Direi do âmago ferido e latente de minh'alma,

Sois lobos vorazes, infames e canalhas!

De: Rodrigues Paz.

(Autor)

Rodrigues Paz
Enviado por Rodrigues Paz em 23/08/2020
Reeditado em 26/08/2020
Código do texto: T7044414
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