A nós, colecionadores do mundo
Quem ouve o silêncio, sabe:
ele tem muitas vozes...
e, ainda que tenha morrido o poeta
sua voz ressoa em outras dimensões...
Quem espera contemplando o horizonte, sabe:
além dele não encontrará mais nada
que não tenha conhecido...
nada fora de seu olhar treinado
a tudo catalogar, etiquetar, arquivar...
Quem mergulha no mais profundo mar sabe:
certas maravilhas só o deslumbrarão de início,
depois entenderá que nada vai transmutar
o imenso oceano interior, ainda inexplorado...
Quem coleciona espécimes mortas,
pedras,objetos raros,
quadros de paisagens estáticas
de rostos enigmáticos, alegres ou sombrios,
reunindo tudo de esquisito e belo que o mundo pode oferecer...
a partir de um certo instante, ele também sabe:
que mundo é uma repetição constante
e, nada de novo pode oferecer...
Mas,se acaso um dia desistir (literalmente) de tudo
e, arremeter seu olhar para o espaço infinito
cego que for,mudo que for...ou surdo a qualquer sugestão
provavelmente não sabe o que encontrará:
talvez o vazio, um mundo sem respostas lógicas
ou, talvez, uma espécie de paz que o mundo ainda não lhe deu.
Nada de novo a ser acrescentado à sua coleção.