Canto escuro
Canto escuro
Lua de topázio
inteira nua
por entre nuvem
gelatinosa e cinza
Sua geografia
que imagino pura
move- se lentamente
como roda espessa
Eu que só respiro
a seca tessitura
de ar e algodão
como autômato
Eu que me exponho
à coisa obscura
e invento engenharias
para me manter vivo
Não percebo tua presença
em si terra, em si crua
envolta em átomos
em fugitiva imagem
O que vejo são grades:
a máscara dura
e o álcool que escorre
de minhas mãos sujas
Marcia Tigani