AS ESTAÇÕES
Avesso a adeus e exéquias,
O destino ofuscando
Meu sol na décima segunda casa
Em tão soturno então cantando o eterno,
O afã da estrela errante em seu trajeto
No imenso vir a ser do instante em chamas.
Professaremos entusiasmos breves
Nas velhas madrugadas insalubres –
Sem gagueira ou soluços vergonhosos,
Confirmaremos nossa vocação
Para o portento da beleza exata
Alheios a queixumes da derrota.
Entre o que fica e o que se quer miragem
A dor trairá o humano –
Erguido em pedra bruta, estúpido...
Meu relógio de sol que se atrasa
E adia as estações de amar e ser
Entre o que é puro em rever,
Nas paupérrimas prosas do frívolo,
Mundos do verme mais feliz
Sob céus severos, deuses indispostos
E as mais inauspiciosas profecias.
No rastro das canções jamais cantadas
O que a si mesmo encanta contra as horas
A irredimível marcha dos segundos
Sem qualquer paz, repouso ou acalanto
Como e quando no obscuro viver
A construção da ausência é insinuada –
Se por desdouro em lástimas crocita
À míngua de esmolas morais,
Mensagem que se quis cifrada, aqui –
A vida é espelho de viver.
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