AS ESTAÇÕES

Avesso a adeus e exéquias,

O destino ofuscando

Meu sol na décima segunda casa

Em tão soturno então cantando o eterno,

O afã da estrela errante em seu trajeto

No imenso vir a ser do instante em chamas.

Professaremos entusiasmos breves

Nas velhas madrugadas insalubres –

Sem gagueira ou soluços vergonhosos,

Confirmaremos nossa vocação

Para o portento da beleza exata

Alheios a queixumes da derrota.

Entre o que fica e o que se quer miragem

A dor trairá o humano –

Erguido em pedra bruta, estúpido...

Meu relógio de sol que se atrasa

E adia as estações de amar e ser

Entre o que é puro em rever,

Nas paupérrimas prosas do frívolo,

Mundos do verme mais feliz

Sob céus severos, deuses indispostos

E as mais inauspiciosas profecias.

No rastro das canções jamais cantadas

O que a si mesmo encanta contra as horas

A irredimível marcha dos segundos

Sem qualquer paz, repouso ou acalanto

Como e quando no obscuro viver

A construção da ausência é insinuada –

Se por desdouro em lástimas crocita

À míngua de esmolas morais,

Mensagem que se quis cifrada, aqui –

A vida é espelho de viver.

.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 28/07/2020
Reeditado em 28/07/2020
Código do texto: T7019714
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.