ANTIDIÁRIOS DE JUNHO XXVII

Depois de você o motim das horas destruiu o sistema.

Nada importa: a única coisa que está é a tua ausência,

que mesmo sobre uma alta dissidência ainda alimenta

esta febre fria e que, intensa, delira por entre o silêncio

da cabeceira toda vazia e de todo o vazio de um poema.

Fecho os olhos e as pálpebras são claras telas de cinema

da tua película em p&b que exibe somente uma sequência:

a de duas estátuas de sal na beira do mar da noite sedenta.

Em você me enxaguei. Me centrifuguei. E na tua algema

invisível de líquidos eu me condenei sob a tua sentença...

Depois de você eu me debati em preces perto da ampulheta;

o tempo longe de você é asfixiante. É uma dor de urgências.