Labirinto
Labirinto
Tenho asperezas
que me acompanham
desde antes de nascer
Tempos de ausências
em solo arenoso
de desertos despojados
Meus pés tateiam
o calcário de memórias
de um mundo paralelo
Torno à geometria
de coisas esquecidas
e de ossos guardados
Em sua porosidade
levam- me a minerais
e líquens de outras eras
À um canto de sombras
ergo minhas lâminas
que cortam nós
Como um punhal
atravesso a passos lentos
a mansão calada
Da janela ouço
a procissão de mulheres
moldadas a ferro e pedra
Seus cânticos falam
de lutas e misérias
mas possuem ternura
Na parede ocre,retratos
guardam sorrisos
em tinta quase incolor
Um terreno movediço
em trilha escondida
sob densa vegetação
Convida- me a ir além
sob noite sem estrelas
a terras nunca pertencidas
Águas abissais
Trazem- me à superfície
Já quase sem ar
E de novo fecho- me em concha.
Marcia Tigani