ANTIDIÁRIOS DE JUNHO XXII

No velocímetro de um relâmpago, e cálido,

eu poria os meus lábios secos nos teus lábios

(neles todos, nos quatro, entretanto, nos de baixo,

essa aterrissagem seria decerto a mais demorada,

por entre as tuas pernas no corredor desta agonia

de uma manhã alumínio que antes já foi alizarina;

ela avança sobre os miolos das vísceras da nova

ferrugem pêssego da nuvem disforme da aurora

e das mil onomatopeias chulas daquela pólvora

que acendia no córrego inundado da tua grota),

todavia, às onze ou meio-dia o bafo da tarde irradia

o veneno de quem come do cadáver da minha poesia.