O Lupino
Vejo a sombra do velho lupino
Tão belo, tão velho, mas vivo
A lua cheia o torna mais nocivo
Como a morte ao assassino.
O uivo, semitonado e cabuloso
Avisando aos mortais pecadores
Que das mais mórbidas cores
Vem ele na noite, faminto, guloso.
Caça o sangue como lagarto ao inseto
Não teme, não morre e não perdoa
Se lhe chega o odor de qualquer pessoa
É como o cheiro da água no deserto.
Eis o lupino tão belo a correr
Em direção à vítima, pobre mortal, e se
Pra ti a morte de um homem é coisa anormal
Pra ele, maldito, não há maior prazer.