ANTIDIÁRIOS DE JUNHO XXI
Meu poema é uma engenharia reversa falida.
O seu combustível não sobe e nem solta faísca
nos arredores da centelha invisível que fabrica;
dentro do seu DNA há o gene ácido da teimosia
na teia de tripa por entre o rum das suas vísceras.
E nada nele sobrevive senão a fumaça que desliza
céu acima sob esta claridade escura do meio-dia.
O que faço além do verso e de pensar na mentira
disfarçada da próxima escrita? O que é a poesia?
A aposta que para o poeta sempre estará perdida?
Sinto o morro e o inverno novo do bege da linha.
E o vírus diz que o seu contrato não venceu ainda.