Lembranças

Lembranças carrego, saudosas lembranças

Que a vida marcaram num tom colorido

Dos tempos de outrora, quando fui criança.

Das coisas passadas, de medos sentidos.

O uivar dos ventos passando nas fendas

Por entre as janelas e até nos arames

Buscando caminho por vias e sendas

Por baixo das portas, por entre os baldrames

Lamento angustiante do vento la fora

Lembranças de causos de saci pererê,

Boitatá, lobisomem. me surgem agora

O medo batendo, sem ter um porquê.

Mas surgem lembranças de coisas tão doces

Da mãe cozinhando no fogão a lenha

Com seu avental é como se fosse

Tão linda paisagem que a mim se desenha.

Depois do jantar, dos causos contados

Com toda a irmandade de barriga cheia

A hora da cama já tinha chegado

Não tinha desculpas, não tinha peleia.

Mas hoje me resta somente a saudade

Que surge malvada sem fazer atalhos

Da mãe que já foi prá eternidade

E dos causos ouvidos ao pé do borralho.