AUTOCOMBUSTÃO
Do súbito sumiço foi-se desaparecendo
Evaporando do que o estava prendendo.
Fora-se o curso, as festas, os bares,
Desfizera-se dos livros e rascunhos
O opioide jogara aos ares,
As Letras rasgara à punhos,
O álcool bebera de um trago,
Dos amigos está afastado.
Amparado no desaparecimento
Resta o corpo nu e os astros
Que o iluminam por dentro,
Como vaga-lumes na escuridão:
Um a um se apagando em decepção,
Consumindo-se no silêncio;
Só resta o amor e do amor o próprio incêndio
Que o aguarda no mito da autocombustão!