Melancolia XCIII
Anahata pula linhas
Nesta noite o sereno cria vidas
Transforma-me em pavão.
Despiram-me o corpo.
A alma grita.
Vôo sem olhar para trás
As penas caem e folhas me cobrem o coração.
Minhas folhas crescem desde a raiz.
Sofro,
me alago,
transpiro coração em pele.
Paro na janela e sorrio
Olho para o espelho e vejo a Terra girar
Estou lá, cá.
Furo pedras com repetidas lágrimas.
Escrevo com a tinta nos dedos,
com o coração na mão.
Anahata sou.
Sem nome, sem lar
Pura alma que respira o ar da natureza
Não busca,
vaga pelas raízes azuis.
Vejo-a alí
Ela canta
Implora
Ama, muito ama.