DE TERÇA PARA QUARTA
sonhei que usava turbante
carmim
e gravata, de seda, borboleta
e borzeguins
e que cantava alto noite adentro
na língua de arcanjos e nefilins
toda sorte de melodias que me vibravam os ossos
sonhei que cheirava à essência
de alecrim
e terra, vermelha, molhada
e nanquin
e que riscava noite adentro
as paredes a coração e rins
toda sorte de poemas visuais e destroços
sonhei que estava tão distante
de mim
que, do que eu conhecia, nada mais havia
nem começo nem fim
e que procurava noite adentro
ambíguo como Diadorim
o que era realmente meu entre os teus, os deles e os nossos.