UM POEMA DE VERDADE

Temo a solidão por ordem de fato,

não sou livre para além da minha bolha,

a saudade em mim brota sua folha,

neuro fácil, debato, brigo, sou chato.

Tenho medo da morte e de não estar vivo,

me sinto as vezes reles, as vezes monstro,

tem dias que não sei se consigo,

noutros em que persigo o seu encontro.

Tenho medo de nunca ter felicidade

por desvelo e incompetência própria,

sou refém do segredo que importa

da palavra que raptei com idade:

não sei se consigo amar de verdade,

me perdi na invenção da modernidade,

não tenho nenhuma resposta;

sou um bêbado inveterado,

moro num corpo frágil e fraco

habitante de um espirito orate

que ferozmente se debate.

Não fui nem estou; só permaneço

com este sentimento eremítico

de um dia sermos íntimos:

eu, nossas almas e você.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 19/05/2020
Código do texto: T6951757
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