Outono-inverno

Que saudades eu sinto do outono

De outrora

Daquele outono dos filmes e livros

Daquele outono de brisa leve

E folhas secas espalhadas pelo chão

O outono que sinto agora é frio

É o outono mais solitário desde sempre

As pessoas estão enfurnadas em suas casas

E não há lareira

E não há romance

E não há Esperança

Os olhos estão perdidos

E os corações vazios

E não há casais apaixonados nas ruas

Há somente um frio

Um frio errado,

Um frio roubado de uma outra estação que deveria está por vir...

Corrijo-me, o que há não é frio, é frieza

Sim, frieza

Há uma frieza nas pessoas,

Que dói, que queima e distancia as esperanças...

Que emudece as palavras e congela os gestos

Está tudo desconexo

E não há nada que se possa fazer

Só esperar e esperar e esperar ...

E o que nos espera parece ainda mais frio e sombrio

Estamos vivendo o frio temporão

Estamos sofrendo antecipados

As dores de uma outra estação

Que nos intimida, que nos mina as forças

Que nos cega e rouba as forças

Sobra-nos apenas os sonhos

Sonhos de que desse outono frio sobre alguma folha

Que dessa folha nasça a esperança de que dias melhores hão de vir

E que essa nossa “frieza” também há de passar

*P.S.: Feito em uma noite de isolamento devido à pandemia do Covid-19 (coronavírus). Em um momento triste da nossa história

Valmir Abrantes
Enviado por Valmir Abrantes em 14/04/2020
Reeditado em 15/04/2020
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