Outono-inverno
Que saudades eu sinto do outono
De outrora
Daquele outono dos filmes e livros
Daquele outono de brisa leve
E folhas secas espalhadas pelo chão
O outono que sinto agora é frio
É o outono mais solitário desde sempre
As pessoas estão enfurnadas em suas casas
E não há lareira
E não há romance
E não há Esperança
Os olhos estão perdidos
E os corações vazios
E não há casais apaixonados nas ruas
Há somente um frio
Um frio errado,
Um frio roubado de uma outra estação que deveria está por vir...
Corrijo-me, o que há não é frio, é frieza
Sim, frieza
Há uma frieza nas pessoas,
Que dói, que queima e distancia as esperanças...
Que emudece as palavras e congela os gestos
Está tudo desconexo
E não há nada que se possa fazer
Só esperar e esperar e esperar ...
E o que nos espera parece ainda mais frio e sombrio
Estamos vivendo o frio temporão
Estamos sofrendo antecipados
As dores de uma outra estação
Que nos intimida, que nos mina as forças
Que nos cega e rouba as forças
Sobra-nos apenas os sonhos
Sonhos de que desse outono frio sobre alguma folha
Que dessa folha nasça a esperança de que dias melhores hão de vir
E que essa nossa “frieza” também há de passar
*P.S.: Feito em uma noite de isolamento devido à pandemia do Covid-19 (coronavírus). Em um momento triste da nossa história