Sete e três quartos

selado sem data
recebido e negado
inalterado e revirado
por dias e noites

(mágoa deslavada acorda magra)
sei que ainda vivo nesse caderno
em que a palavra acerta
vem como sinal no peito
como se abrissem folhas por dentro
muito mais vezes que o corpo longe

(seu amor é uma garantia em pedaços)
daqui avisto as estrelas caírem do céu
e eu de cada página do seu caderno
como quem colhe saudades
como quem não diz adeus
porque não vai embora...

(sete e três quartos)
entre sofrimento e o nada
fecho firmemente os olhos
até tudo ficar negro
mas nunca fica completamente negro
e ainda respiro na folha...

torno-me imortal e depois morro
como ponto final do caderno
ponto final do destino
de quem não é...
Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 12/04/2020
Código do texto: T6914756
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