Uma noite e um pedaço de poliéster


declamo-te
como se fosse uma emergência
gritando-te até acabar (te)
com todas as portas abertas
apagando uma vela

desfaço-te
celo a calma

cremo-te
com dois gravetos e um rolo de barbante
pelas prateleiras, pelo peito

escolho um lado
encomendo uma lua
colunas gregas
varandas cercando a casa
arrasto-te como barulho
apago-te dos lábios
viciando-te pela chuva

por uma noite
sossegando-te até enlouquecer
fatiando-te em pensamento
 
Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 09/04/2020
Código do texto: T6911724
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