NOVA BABEL

Onde os ouvidos não falam diferentes línguas,

as palavras desconhecem diálogos

e escutam apenas seu próprio eco.

Elas circulam mudas e surdas no cotidiano comércio das letras

Reinventando Babel

entre os ditos e escritos que encantam os rebanhos e seus livros da lei.

Assim,

como hoje e sempre, a moral contamina todos os enunciados

e cada qual em seu canto de fala

Toma como verdade o ridículo do seu próprio ditado,

seu caricato enunciado de poder,

seu intimo delírio de razão universal,

em meio a decadência dos fatos e do real.

Mais do que nunca é preciso inventar uma nova língua

e um novo povo contra a terra antiga.