Negro esverdeado
 
eu te quis
em todas as coisas sublimes de serem percebidas
parecia que seu sorriso
vinha raspar a porta, abrir o chão
ao mesmo tempo certo e errado
pintava meus olhos
fazia a respiração virar fumaça
abrindo o silencio e entrando
como uma noite estrelada
alinhavava teu rosto na espera da janela
o amor fazia a diferença
iluminando teu corpo como pincel
o mundo seguia
como uma sombra na parede
sólido, sem a menor desconfiança
a vida adquiria uma fragilidade
saboreando o café e o vinho
eram olhos que cortavam
as petúnias nas floreiras
a luz da noite se apagava como a elétrica
e teu cheiro não dava para ser espantado
sobre a própria confusão
a vida ficava repleta de ti
grávida de seus cabelos
do asseio, da modéstia
completa como o fim do mundo.
 
Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 26/02/2020
Reeditado em 26/02/2020
Código do texto: T6874712
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