Alma-naque
Outro dia eu disse
Sobre vender minh'alma...
Me acharam assaz esquisito
Um perdido de casa, talvez
É que eu escrevia um verso
De saudade...
Nada menos simples
Se eu pudesse vender
Poderia comprar de volta
Não comprar
Esquecer pra sempre...
Rememorar num repente
Pensei...
Nada posso de tudo isso
E tudo me obrigo sem saber
Que se trata de um dever de casa
E o verso pálido de saudade
Diante de miolos energizados
Naquele instante
Não passava de substância
Amarelenta
Mergulhada no sangue
Aquele verso continha mesmo saudade
Do tempo que vender a alma
Parecia possível
Sem o sabor da maldição...
De não saber muito bem
Quando virá outra pro seu lugar
Quando será o retorno flagrante
Ou a lembrança patética
De uma imagem domiciliar