PASSAGEM NARCÓTICA
U é mesmo um cara foda
Bacana com os inimigos
Difamado desde a escola
Tem o que quer na hora
O mundo é seu umbigo
U é deus na sua cachola
U tem um rei na barriga
Bebe álcool quanto pode
Não sabe quando se para
Quando não quer se afoga
Diz que se parar se fode
Arrepende-se quando sara
Quanto mais U consome
Se naco sólido de pedra
Ou amargo rum melado
Fica mais seco de fome
Repete, repete o mantra
E nega a vida um bocado
Tão descarnado, U levita
Nada o toca ou constrange
U cava nu enquanto seca
No fundo da garrafa o Leviatã
Dobradiça que na porta range
As minúsculas gotas lá fora
Fundo pro fundo profundo
Que seja dito bem alto
Deixe que teime e rala
Teria mesmo U ouvido
A dobra, o sino, o badalo
Do mal com u que mata?
*
Baltazar Gonçalves