marcas de rumores inacabados

sem tempo a perder

se é que o tempo está aí

para ser perdido

forçadas companhias

se tornaram estranhas

o som das campainhas

ensurdecem as loucuras

o céu se espalha

nos espaços

entre carros

desgovernados

tão perdidos

quanto meus passos

só me sinto em casa

fora de casa

só me sinto eu

fora de mim

a consciência

a fala, o ato

se apartam

em momentos

asfixiantes

no escuro

enxergo tudo

que os olhos

nunca veriam

não apreendem

meus pulos

sem consonância

irrefletidos

como os pés

no sapateado

o menos certo

se funde

com o reavivado

enquanto assisto

e desconsidero

na sacada

sem o porre

ser só de álcool

por quê olhar

nos teus olhos

que tentam

intimidar

se não enxerga

nada senão

a própria

íris revirada

procurando algo

nunca encontrado

só encontro

o que não foi

procurado.

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 12/01/2020
Código do texto: T6840103
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