DESEJOS VULCÕES
Falar da vida,
das suas querelas, suas remelas,
seus afluentes avessos,
seus risos adversos,
seus versos aflitos,
seus poentes esquisitos,
tantas membranas estranhas.
Falar da vida,
dos seus recantos tantos,
seus encantos agudos,
seus fardos abruptos.
suas regras insanas,
suas pragas intocadas,
seus destinos arruinados.
Falar da vida,
das vozes atrozes,
dos tropeções incautos,
dos galopes desatados,
das cesarianas diárias,
dos sonhos puídos,
das mães destronadas,
dos passos esquecidos.
Falar da vida,
de tantas aberrações veladas,
das loucuras encardidas,
das saudades ardidas,
das verdades amordaçadas,
das vinganças falidas,
dos elos frangalhados,
dos olhos abrutalhados.
Falar da vida,
das aguçadas agruras,
das mentecaptas alegorias,
dos festins solitários,
das mentes alforriadas,
dos doentes enrustidos,
das torturas sutis,
dos pecados assustados,
dos reis ridicularizados.
Falar da vida
do fim sem desculpa,
do carinho empedrado,
dos frutos ingratos,
dos roteiros descabidos,
das respingadas paixões,
dos aporrinhados senões,
dos desejos vulcões.