Amargura fora do espetáculo teatral
Por que não vejo a animalidade nos homens?
A pergunta retórica que tento esquecer da resposta
Vultos na direita
Pés nas lajotas imensas
Todas rachadas por transeuntes
Pisamos no mesmo lugar
Sem estar em nenhum deles
A copa sombreada acolhe
Os olhos desviam
Sou parte de tudo isso
E ainda vejo tudo de fora
E fora disso nada existe
E nesse nada que nos formamos
Ou podemos ser algo qualquer
Todo ser é em potencial
Aquilo que talvez nunca seja
A tendência não é o acabamento
Desse processo lento e indefinido
Que é existir sendo apenas inserido
Sem nunca ter pedido ou escolhido.