" O Medo de Escrever"
Miro o papel em branco
Agora jaz na mesa, indolor
Mas, inquieto na minha mente,
Desafiador
Tento disfarçar o olhar
Corro até a janela
Procuro alguma desculpa
No burburinho infernal das ruas
Mas, ele permanece lá
Atrapalha meus devaneios
Me aguarda ansioso
Vazio, dói.
Onde uma caneta repousa solenemente
Quero fugir, fingir que não é comigo.
Quais de mim surgirão
Naquele inerte papel?
Que tipo de gente de mim vou exorcizar?
Que espécie de mim vai se revelar?
Que crimes e flores irão desabrochar?
Quanto de mim vai rir ou se desmanchar
Em choro solitário com pena desses pobres homens?
Quais defeitos e vergonhas vão ser expostas
Em praça pública
Em humilhações sem piedade
Que revoluções despertarão no seu colo?
Quais religiões provocarão mortes em guerras financeiras?
Que políticos assassinarão seu povo, sua língua
E seu planeta?
Que planeta surgirá nesse papel?
O que espera de mim esse terrível papel em branco?