CANSADOS
O meu verso gostaria de ser forte
feito gente que enfrenta a morte.
O poema é uma arma carregada
sem tiro de pólvora, só de palavra.
O que não é meu vem da calçada,
da fuligem espessa que se instala,
quando todo o preto atinge o auge
antes da aurora vazar a madrugada;
esta lâmina delgada e lilás logo dissipa
a penumbra que não mais predomina
na atual desarmonia das mesas vazias,
dos corpos brancos e do chão de cinzas.
As portinholas quase fechadas da avenida.
E vejo os fantasmas dos poetas sem poesia.