DA PRISÃO

O tempo passa colidindo na minha mente

com as atividades que se empilham fartas

feito as flores em lápide recente,

viro o rosto e a escuridão já devasta

o céu azul de agora a pouco

que eu perdi enquanto piscava

para meu reflexo semimorto,

claustrofóbico de minha matéria,

ansioso de minhas derrotas,

o rosto em grossas olheiras decompostas

das tantas lágrimas em que desaguei-as,

eu quero parar, mas não estou em movimento,

sinto uma aguda conturbação no meu peito,

um verme me assiste alegre aqui de dentro

impaciente devorador dos meus pensamentos,

ávido consumidor de minhas memórias,

ardo em febre, deliro em verso feito,

tomado pelo cortejo eu já me vejo fora

espectador dos seus beijos,

torcedor de tuas vitórias,

aquele aplauso silencioso em teu encalço?

Sou eu colidindo contra tempo,

demolindo, tijolo a tijolo, estas paredes,

porque, a morte, suportar é fácil,

me mataria é me esquecerdes!

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 03/12/2019
Reeditado em 03/12/2019
Código do texto: T6810074
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