DA PRISÃO
O tempo passa colidindo na minha mente
com as atividades que se empilham fartas
feito as flores em lápide recente,
viro o rosto e a escuridão já devasta
o céu azul de agora a pouco
que eu perdi enquanto piscava
para meu reflexo semimorto,
claustrofóbico de minha matéria,
ansioso de minhas derrotas,
o rosto em grossas olheiras decompostas
das tantas lágrimas em que desaguei-as,
eu quero parar, mas não estou em movimento,
sinto uma aguda conturbação no meu peito,
um verme me assiste alegre aqui de dentro
impaciente devorador dos meus pensamentos,
ávido consumidor de minhas memórias,
ardo em febre, deliro em verso feito,
tomado pelo cortejo eu já me vejo fora
espectador dos seus beijos,
torcedor de tuas vitórias,
aquele aplauso silencioso em teu encalço?
Sou eu colidindo contra tempo,
demolindo, tijolo a tijolo, estas paredes,
porque, a morte, suportar é fácil,
me mataria é me esquecerdes!