Algoz

Passam um por um

eles muitos são

enfileirados estão

mas não são nenhum

transmutados em quimeras

como demônios no inferno

compartilham o sofrimento eterno

de terem virado bestas-fera

Perderam a alma

são um estorvo

são um transtorno

para sua fauna

o bicho homem não sabe

o inferno são os outros

outros que não são poucos

e que sempre outro lhe cabe

Eles compassam na dança vil

com olhos mortos

sobre os caminhos tortos

de quem nunca existiu

carregam flores, artes e doces

mas não carregam dignidade

nunca lhes fora de verdade

embora desejariam que fosse

São previsiveis invisiveis

feitos de carne e de dor

julgaveis seja por quem for

satanizaveis e passiveis

volto as aparências do sistema

à gangorra quebrada do homem

Porque de repentem todos somem

e eu escrevo um poema...

Rangel Paiva
Enviado por Rangel Paiva em 22/11/2019
Código do texto: T6801059
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