Algoz
Passam um por um
eles muitos são
enfileirados estão
mas não são nenhum
transmutados em quimeras
como demônios no inferno
compartilham o sofrimento eterno
de terem virado bestas-fera
Perderam a alma
são um estorvo
são um transtorno
para sua fauna
o bicho homem não sabe
o inferno são os outros
outros que não são poucos
e que sempre outro lhe cabe
Eles compassam na dança vil
com olhos mortos
sobre os caminhos tortos
de quem nunca existiu
carregam flores, artes e doces
mas não carregam dignidade
nunca lhes fora de verdade
embora desejariam que fosse
São previsiveis invisiveis
feitos de carne e de dor
julgaveis seja por quem for
satanizaveis e passiveis
volto as aparências do sistema
à gangorra quebrada do homem
Porque de repentem todos somem
e eu escrevo um poema...