Melancolia XXXIII
O sereno da noite acalma o peso
do munda sob teus ombros.
O calor do peito adormece
Transpiram suspensos no ar os elementos.
Cai para cá
Escorrem sob meus olhos
os pensamentos que me sufocam.
Após a janela
andas minha formiga,
se esconde nos rachos.
Do alto de minha morada vejo
tuas labaredas me acender.
Corro pelas águas,
contra minha corrente que me rasga
Mordo meu peito ao me manter no ar.
Meu beija-flor,
suporto a distância que nos conecta
Mas teu coração decide me maltratar.
Me acolhe em teu jardim cansado.
Não castigo-te dentro de mim
As faces brilham nesta noite.
O olhar de minha bruxa
veste segredos,
amores e medos.
Na mesa que risco há nossas divisões
Cruel, o separar do silêncio que mastigo.
Consigo sentir teus passos
longe da minha melancolia.
Como picos e vales,
volta para meus braços em lágrimas
Já anciã para compreender
que tua felicidade se paga com esta dor.
E sou jardim,
abraço as borboletas que foram
para longe de mim.