AO QUE FOI EMBORA

A minha dor é um grito rouco

E no silêncio lamenta essa triste vida,

Tudo se troca por tão pouco

A lida, os dias belos e os dias loucos.

E por aí, na imensidão da noite

eu te procuro, por caminhos escuros...

no frio da madrugada, onde a lua se esconde

oh, triste fim! Oh, triste açoite!

E enfim, outro dia amanhece

Em que da esperança me descanso

Outra noite há de chegar, mas o tempo,

nenhuma alegria tece no manto um alento,

como lençol estendido a enxugar meu pranto .

E aos destemidos que buscam na distância

a alma daquele que foi embora:

Não, não voltará nunca mais em nenhuma aurora.

JOANA DE OVIEDO – DIREITOS RESERVADOS