Uma serpente de água...

Eu tenho um paladar refinado para as palavras...

Eu sei dar vida as árvores e as pedras;

poder as borboletas e aos pássaros,

eu sei observar a cor da ventania!

Eu tenho um paladar refinado para as palavras...

Antes que desabe a chuva, eu invento uma

cobra de água que serpenteia pelo meio

da mataria e eu lhe dou o nome de rio!

Eu tenho um paladar refinado para as palavras...

Se eu já tenho uma serpente que se chama

rio; devo inventar um poço numa sombra e

uns peixinhos cheios de cor, vida e vigor!

Eu tenho um paladar refinado para as palavras...

Mas agora vou perpetrar um entardecer que

me acolha como parte da natureza; que eu

seja pássaro noturno a cantar na noite fria!