AMORAS
Nos valados à beira da estrada
Há silvas carregadas de amoras,
Eu ia com meu irmão de mão dada
E andávamos por lá até altas horas.
Era assim este fadário todos dias
A gente nada tinha para comer,
E assim com estas frutas baldias
Conseguíamos a fome entreter.
Mas era feliz correndo pelos campos
Atrás dos gafanhotos e escaravelhos,
À noite apanhávamos pirilampos
Sempre com vigilância dos mais velhos.
Saudades desses tempos de criança
Onde o eco da minha voz se fazia ouvir,
Mesmo sofrendo miséria na infância
Lembro esse tempo sempre a sorrir.
Eu conhecia as amoras só das silvas
Já foi cá que eu vi umas amoreiras,
Estas com amoras mais apetitivas
Mas também, elas cheias de poeiras.
Creio que há silvas no mundo inteiro
E toda a gente gosta das ir apanhar,
Só as pretas têm o sabor verdadeiro
As verdes podem mesmo amargar.
Maria Custódia Pereira
15/10/2019