você não entende nada e eu não vou te fazer entender

disse ele que o tempo era o seu guia

eu disse que o tempo,

objeto do meu mais desesperado desejo,

perpassa por entre os nós de nós mesmos

desatando-os ao som do violão de Tárrega

disse ele que o tempo é a sua escola

o tempo, por quem ardo e não vejo,

é um agente que nos consome a massa

com seus dentes de medo

ele te afasta de mim aos poucos

ele disse ser o tempo um senhor

de olhos verdes e cabelos brancos

um compositor de destinos

seu pai, amante e amigo

o tempo, estrela que me beija

em pensamento,

é um ser indefinido

um deus-poema:

ajoelhai-vos!

ele e o tempo

são ridiculamente iguais

eu sou a ameaça maligna

força fluida, líquida

seus impulsos nervosos secretos

o id do universo

faço aqui esta oração

para gravar num disco voador

e mandar para o espaço

para brilhar no céu da minha cidade

e, quando eu voltar,

verei que eu não te conheci

e agradecerei aos céus por nunca

ter te dado tempo para se apaixonar

Anita Maria
Enviado por Anita Maria em 21/09/2019
Código do texto: T6750489
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