Outro porre de insônia, regressão aos anjos caídos

Pesco e mergulho no mar dessa ateia

E me perco no emaranhado dessa teia

Meu próprio peso nos ombros me aterra

Sigo preso na aldeia onde ainda há terra

Ao mesmo tempo a luz lunar lembra a Terra

                                            

Perdi o senso, não sei se estou escravizado em Persa ou Atenas

Conversando com Ésquilo, sufocando Prometeu com duras algemas

Ou talvez outro tragediógrafo qualquer que me atribui densas penas

Enquanto balanço voando livre com o vento como as leves penas

As leves pernas correm dentro do círculo retangular em ar aberto

Dante Alighieri nesses dias quentes tem me acompanhado quieto

Depois Woody Allen ao anoitecer cai como floco de neve sob meu teto

A alma oscila entre dias quentes e noites frias como o clima do deserto

Se arranco todas tuas máscaras ainda existe algo vivo aí dentro?

Ou só um eu disperso? O qual some pelos belos ares que trazem fantasmas

Cavo teu interior e mesmo assim me vejo no fundo cada vez menos imerso

Se tornou o homem-espelho que só reflete outros, como o sol nas placas...

Meus desassossegos invadem teu sistema fraco como a larva da teníase

Ando pelos teus órgãos, rastejo por tuas frestas tênues, ouço os timbres

A voz dela relembra tríades, admiro até suas crises femininas tão ríspidas 

Por que minha mente sempre associa à raiva minhas paixões tão tímidas? 

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 18/09/2019
Reeditado em 09/12/2019
Código do texto: T6747866
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