O grito
Na primeira vez ouvi tua voz
A dizer palavras que não queria ouvir,
Na segunda, o silêncio teu a gritar meu nome,
Apenas eu ouvia o que de ti saia.
Passaram-se uma, duas, três horas
Eu passei e tu também passaste.
Na terceira vez ouvi teu toque a dedilhar meu corpo,
A tentar descobrir os detalhes dos meus silêncios,
Na quarta, eu fiquei enquanto teu corpo partia,
Apenas nós sem o que de nós havia.
O relógio parou às 17h,
Nós dois também paremos em corpos que não nos pertencem.
Na quinta vez, voltamos ao início,
A tentar remediar feridas, partidas
No fim, teu corpo noutro corpo, o meu a te esperar
E certezas brandas de saber de coisas que não queria ouvir.