SETEMBROS
Subo na grua dos minutos e cheiro as horas de cima,
onde o ar rarefeito tropeça na nuvem quase neblina.
Sou dos entretantos e de tudo o que pode ser ainda;
do ocre que passa ao azul de metileno da noite nítida.
Vejo as armadilhas do poema. E o poder de sua isca.
Leio os mil poetas da rede reunidos na parte de cima
da minha tela sombria. Parece-me mil vozes parecidas
a fim da grande mina e de todo o ouro de tolo da poesia.
Atravesso esse setembro fundo na curva longa de um susto.
Meu verso come da calçada. É um cão de sarna sem rumo.