QUANDOS

I.

Quando o minuano afiado do vento

congela o deserto quente do tempo.

Quando a noite ultrapassa a medida.

Quando a saudade é o amor que fica.

II.

Quando a manhã levita bem suave

no tijolo quase ferrugem da encosta.

Quando um verso pede passagem.

Quando o poema venta. E evapora.

III.

Quando o vento vem das profundezas

e alavanca o lodo do poema à correnteza.

Quando navegar sem nó é a última tarefa.

Quando o verso é o astrolábio do poeta.