Bloco de anotações

quase pronta a começar a falar era como ficar até o final da festa só pra me ver voltar e o instante estar por minha conta. Ficava passando pela casa ligando e desligando, sem saber o que ser novamente, me imaginar morando ali, poder voltar ao ponto em que não dormíamos, vai ficando igual, tão igual que perco a sensação. Te ligo, e sua voz combina com seu rosto, te peço que me deixe comer bolo na cama, sem saber se vou ser ou não, te vejo e tudo passa a me implorar por esperar. No bloco de anotações ergue-se uma dúvida implícita, imune aos desapontamentos. sinto dificuldades em encontrar a pimenta, vivo de me esquecer, me concentro no lugar que tenho escondido de ti... deixo de confiar em mim. seguro o segundo que reflete seu corpo, e desapareço, porque assim faço sentido. Trago o cabelo mais bonito na tua memória, e o tempo inteiro o entardecer se encosta na noite, dissecando toda sombra. distinguindo entre o que fica e o que vai embora. E antes de morrer, cato todas de mim, sem deixar entupir o ralo ou fugir para te suprimir e na mesma colherada te calar com um longo beijo. Deixar o final seguir em frente e ser essa garota que não vai embora ...