FUGA
FUGA
Fugi com a alma, da gaiola a voar
Pousei na lua
Descansei numa estrela
Dormi em riachos de luz e luar
Beijei, beijei e deixei-me beijar…
Nuns braços de cristal sonhei.
Como se fosse verdade
Como se estivesse a sonhar, sonhei
Desvairei nas palavras delirando…
Senti frio e calor alternando
Com as portas da gaiola aberta.
No meu magnífico paraíso
Ri, gargalhei, talvez tivesse perdido o riso.
Vi andorinhas brancas a esvoaçar…
Seria loucura ou estaria mesmo mesmo a sonhar?
O céu tinha uma cor avermelhada
A estrada arrastava-me, já moribunda e cansada
Horas lentas….Trementes de frios
De medos….
De infâmias…
De coisa estranhas.
De mentiras, asquerosas…
De orações duvidosas…
Como se cada ave-maria fosse uma pérola de rosário
Num terço perdido…
Neste mundo fodido.
De beatas e falsos profetas
Porque as beatas não fazem história
Fazem aquelas coisinhas….
Pobrezinhas.
Indignadas…
Virgens na noite disfarçadas
Estupores.
Desumanas.
Mentes perversas
Corpos de vários amores
Em frente aos espelhos riem desgrenhadas.
São bruxas mal fadadas
Mas…não passa nada…
Porque afinal elas é que são as desgraçadas
Lisboa, 01/06/2016
Maria Tecina