Diáspora

Diáspora

Como água, atônita,

Saí pelo ralo, ralei pela saída...

Nem toda a arte do mundo

Salvar-me-ia do lugar comum.

Fui cavar a terra, roer as unhas

De medo do degredo

Em minha própria terra bloqueada.

No dorso, a filosofia,

Na boca o silêncio dos sábios,

Nos ouvidos a matraca traiçoeira;

Na mente, vozes trigueiras:

“foge maluco!”

Um pedaço de pensamento

Escapa absoluto e esquálido,

Sai da boca, feito som que abafa.

Há inimigos na porta dos fundos!

Pega as crianças Maria!

Estamos cercados pelos amigos!

Mil dedos apontam, ferem...

Estrondos de Democracias vãs.

Há mais covardes entre o céu e a terra

Do que sonha a nossa letargia...

Quando a maldade desperta,

É hora de apagar o fogo interno

E salvar a Amazônia da alma...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 23/08/2019
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