Diáspora
Diáspora
Como água, atônita,
Saí pelo ralo, ralei pela saída...
Nem toda a arte do mundo
Salvar-me-ia do lugar comum.
Fui cavar a terra, roer as unhas
De medo do degredo
Em minha própria terra bloqueada.
No dorso, a filosofia,
Na boca o silêncio dos sábios,
Nos ouvidos a matraca traiçoeira;
Na mente, vozes trigueiras:
“foge maluco!”
Um pedaço de pensamento
Escapa absoluto e esquálido,
Sai da boca, feito som que abafa.
Há inimigos na porta dos fundos!
Pega as crianças Maria!
Estamos cercados pelos amigos!
Mil dedos apontam, ferem...
Estrondos de Democracias vãs.
Há mais covardes entre o céu e a terra
Do que sonha a nossa letargia...
Quando a maldade desperta,
É hora de apagar o fogo interno
E salvar a Amazônia da alma...