Hora do almoço
A morena já desfila
Em seu vestido de sábado;
Cansado o pedreiro suspira,
Com o rosto sujo de barro.
Motoqueiros entregam marmitas,
Sob o sol que queima os telhados;
Fere as cordas da lira
& canta, o poetinha entediado.
Versando versinhos alheios: vai de meninas a lírios calvos...
No compasso em que o pontilhão dita,
Num vômito contínuo de carros prateados.
Oh, Deus. . . que seria sem a ópera da vida,
A existência desse pobre diabo!?
Quão insossa não seria esta atroz lida,
Sem as cenas do móvel teatro?!
Onde o contra-regra é desconhecido,
E todos, todos os atores e cantores são sagrados!