MEU GOZO, MEU ALGOZ
Ela apetece, aflige
afugenta poréns
destemida a dor.
Ela cambaleia ventos
desnuda apatias
ronrona devaneios.
Ela entorna o medo
crisma venenos atrozes
acode quando o sangue morre.
Ela entende dos vãos escorridos
sabe das verdades mancas
conhece cada cilada oca.
Ela ascende no torpor da fé
destila falcatruas da alma
acaricia sonhos bandidos.
Ela castiga quando a paz depena
macula o que Deus não abraçou
encanta palavras roucas.
Ela percebe meus rasgos
transcende silêncios infernais
aperreia restos aflitos.
Ela sobrevive às loucuras do dia
vai além dos tropeços da razão
cicatriza cada canto que não vivi.
Ela é meu gozo, meu algoz
meio farsa, meio diva, meio tudo
varanda aflita nos recantos meus.