SETEMBROS
Vão-se os setembros da minha vida, passando.
Entre árvores e ninhos, pássaros acasalando,
e brancas nuvens no Oriente, preguiçosamente horizontais.
Oriento-me pelas paragens, únicas paisagens
que os setembros puderam me presentear.
Invisto sempre para que os novembros não cheguem
assim tão depressa e observo as úmidas manhãs
nas aragens primaveris, lembrando meus primeiros
dias de infância e o acalento do colo de mãe.
Os setembros de minha vida são meu ápice anual
a encantar-me com a sonoridade do marulhar do rio
e os arrolos que cativam o mais sombrio dos seres.
Vou seguindo pela sobriedade setembrina
e da sinceridade na explosão da vida
e do acasalar da verdade única e despojada.
Nesse setembro - ou em qualquer outro!
um dia assim, cristalinamente maravilhoso
nascerão também asas e penas em mim!
Num setembro assim, voarei entre as luzes
e pelas sombras das quaresmeiras e dos ipês
contrastando com todos os azuis celestiais!
Num setembro assim, em paz,
aninhar-me-ei noutra vida, em festa,
e voarei de saudades desta.