ASSALTO
O transtorno maior de um assalto
Não é a trivial perda do “salto”,
Mas de certo, a invasão do seu eu.
A ferida vil, que na hora doeu.
A agressão verbal do teu íntimo
Por causa de um trocado ínfimo.
E que ferido, pede socorro, já.
As estruturas abaladas lá...
Não desmoronam, porque firmeza há.
O sistema cria ferozes monstros,
Pensamentos sórdidos e sinistros
E lá estamos nós, sujeitos ao mal,
Em meio a uma tortura cabal.
Raptam a nossa zelada pureza,
Deixando-nos a tosca incerteza
De uma possível recuperação,
Ora à mercê dessa violação.
Mas tudo passa... Tudo passará...
Dizia Nelson Ned, ao profetizar.
Tu que já passastes um dia, por isso...
Não chores não temas! Levaram bens,
Mas ficou um tesouro que tu tens,
A nossa amizade que agora invade
Este cenário de adversidade
Para suplicar ao Deus da vida
Que cure a dor da hora sofrida.
Ênio Azevedo