Não sei se vou a Paris
ou volto a Barbalha (*),
Paris decadente,
Torre Eiffel enferrujada,
Notre Dame queimada,
Rio Sena poluído,
PSG jogando ma,l
astro do time caído,
melhor voltar a Barbalha,
não a Barbalha de hoje,
minha Barbalha de ontem,
do craque Raimundo Pio
Sítio Estrela,
brincando nos currais,
meu currais de ossos,
minha boiada,
meus bois.
Ouvir "boi da cara preta",
rangido do armador de rede
saindo de alguma casa,
sentir o mormaço do engenho,
o tacho cheio de mel,
o cheiro da bagaceira,
as grades de rapaduras,
o alambique suando cachaça,
puxar o meu alfenim,
tibungar no Rio Salamanca,
sei bulhufas de francês,
J'y vais je Barbalha.
O anel que tu me deste
em Paris você comprou
bijuteria inconteste
no meu dedo enferrujou.
(*) Terra natal do poeta ao sul do Ceará