Escória
Vejo o sono de casais arrependidos
E a poeira, pouco a pouco, apagar vidas para sempre.
Ademais, nos vitrais da humanidade,
Nossa corja sempre esteve muito apagada.
Somos o vidro que já escorreu antes mesmo de ser posto,
Somos nomes de escritores de poemas
Que deixaram os cânticos populares de desgosto.
No vazio deserto da urbe do esquecimento,
Criamos esse lar.
Sempre estivermos aqui
E vamos estar aqui
Para sempre.
Mas há glória em nossa vadiagem,
Por certo os nossos anjos da guarda se divertem vendo
Nossos castelos de areia resistirem às tempestades
Que derrubaram o império romano
Afinal, não há fogo que queime a escória.
Se nem o aço ardente nos arrebata,
Quem dirá que o ferro frio da morte vai nos levar ao esquecimento?