ACERCA DO AMOR

O amor é um ciclo giratório

É ave migratória fugindo da invernada

Uma roda gigante não tem sentido quando está parada

Quando se espelham num único ser qual água estagnada...

As pessoas estão muito mais ligadas pela dor

Do que pelo amor...O amor tem que ser sutil

Como uma teia de aranha tênue e inofensiva

Quase imperceptível mais crível ao ponto exagerado

De exercer fascínio magnético a um outro ser retrátil

Que quando fisgado parece flutuar no ar...

Quando na verdade está a mercê de ser devorado

Eu vou te dizer que sem você eu não sou nada

E nada nesta profundidade existe sem você

Já não sei quem sou, se abismo ou vala que não reflete estrela

Você vê ao longe a linha do horizonte que imaginou

Porque ela existe, mais nunca vai toca-la ou conhece-la

O amor é tão impermanente como um palito de fósforo aceso

Todo mundo sabe usar mais a ninguém pertence...

Porque nunca apesar de queimar fica preso ao dedo

Todas as pessoas tem defeitos

Faz parte de todos os seres

Olhe pra dentro de seu próprio peito

E acharás um abismo deles

Te aceito como és

Me aceite como sou

Tu és meu viés

O pó das cinzas o vento levou...

Faz parte do ser humano

Por defeito em tudo

E se não o faz é insano

Ou quiça fulano é mudo...

O dinheiro consegue comprar qualquer coisa

Menos o tempo, quando mais precisamos dele...

E o amor é moeda que não se troca

Não é esta mola que move o mundo

Não é um coelho que sai ingenuamente da toca

O amor não é feito num tubo de ensaio

Ou numa cartola de um mágico ilusório

Não é transitório como as flores na relva

Que depois murcham desmaiadas após o mês de maio...

Este amor engessado, botulínico

é uma dança sem música

Cujo orquestra escuta o som do silencio

Como o prazer de um viciado

Em cuja fumaça viaja em seu sonho nicotínico

As vezes nadamos tanto pra nos salvar

De uma tempestade repentina

Que acabamos as vezes morrendo afogados na retina

Numa única lágrima que sequer conseguimos derramar...

Ficou empoçada dentro da gente

Como uma fenda aberta

Cuja presa a mágoa mazela ferida

Volta pra casa adjacente

Sangrando, mais não desiste da vida...

Assim são os que amam de verdade

Voltam pra dentro de si em profunda sutura

Se cicatrizam, hibernam, mais voltam

Como as flores na primavera polinizando criaturas

E ressurgem renovados para a geração futura...

Eu ando me procurando tanto nos outros

Que vai ver por isso não me acho...

Aprendi que toda forma de pecado

Está no excesso

Na vida tudo tem frente e verso

Mais em frente e adiante corajosamente eu sigo

E vou muito mais além do que meus inimigos

Faço das minhas cicatrizes de dor

As trilhas do meu trem expresso...O amor.

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 31/03/2019
Código do texto: T6612388
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