Elisângela

Inventa o mundo

Com amor

E às vezes, com desdém

Só sei que vive criando

Em cima e debaixo do pano

Dando nó em pingo d'água

E em nossas cabeças,

Depois, desata os nós

E se enrola igual gato

Fazendo festa.

Tem tantos amados

E consegue cuidar

De todos os seus

Como se nesta vida

Tivesse mais de dez almas.

Por mais que acredite na tristeza,

É alegre.

Possui a melhor gargalhada do mundo

Aquela que invade o coração

E traz tanto conforto

Por sabermos existir alguém

Com tanta espontaneidade.

Te trata com liberdade

Mescla-se com o sertão

Jagunça e rezadeira

Costureira do meu coração

Salvando-o em remendadas.

Tão rara que um dia

Vai ser uma palavra do dicionário,

A qual, ninguém nunca vai entender direito

Porque sempre vai trazer mistérios

Desses deliciosos.