Esperança se come
No chão vestido de sol
lava a face com suor.
É o banho que se toma
na vida que se leva.
Há ainda de sentir orgulho
do corpo filtro d’água.
Cristalina.
Díspar da do fundo do poço.
Cor de barro.
Terra quente e confusa
que seca o solo e molha os homens.
E a chuva, quando vem?
No chão feito de verão
essa é a única estação
que se pode contar.
Há ainda de sentir orgulho
do corpo que por dentro
é tempestade.
Terra quente e confusa
em que uma palavra sacia
o que a comida não dá conta.